sábado, 16 de julho de 2016

Identidade Surda


A interdisciplina de Libras  possibilitou não só conhecimento da Língua Brasileira de sinais – Libras, mas também  reflexões  acerca de questões sobre  a identidade surda e dos distintos modelos linguísticos e culturais .                                               .                                                                                                  
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 Creio que podemos pensar que a identidade surda se efetiva na diferença linguística e cultural dos sujeitos surdos, sendo que este reconhecimento é o resultado das ações que articularam dignidade e respeito, onde o contato com seus pares foi fundamental para que tais ações se concretizassem.  
 Desta maneira a criança surda começa construir/constituir uma identidade própria aliada ao ambiente sociocultural onde vive, sendo assim há de se pensar na identidade dos sujeitos surdos e as significações se efetivam  por meio da língua de sinais .
“[..] as diferenças surdas devem estar presentes na luta pelo direito de autorrepresentarem [..] a língua de sinais , o olhar surdo, a luta e a necessidade de comunidades são marcas surdas que enunciam uma diferença que necessita de movimento e de espaço para acontecer[..]”
 (LOPES e VEIGA-NETO, 2011, p.135)
A cultura surda permite à criança a leitura de mundo, tornando mais acessível à participação nos espaços escolares permitindo a convivência com alunos ouvintes e ampliando as possibilidades de se estabelecerem como sujeitos surdos. “Para as crianças surdas a literatura surda é um meio de referência e também uma aproximação com a própria cultura e o aprendizado da sua primeira língua, que facilitará na construção de sua identidade” (ROSA; KLEIN, 2012, p.189).
 A Língua de Sinais é a língua materna da criança surda. Seu processo de aprendizagem se efetiva por meio da imagem aliada ao sinal na língua de sinais para fomentar o desenvolvimento do conhecimento linguístico da criança surda. 
  “A surdez é uma experiência visual [..]e isso significa que todos os mecanismos de processamento de informação , e de todas as formas de compreender  o universo em seu entorno , se constroem como experiência visual .”SKLIAR,apud PONTIN e ROSA,  2014)

Neste sentido deve-se considerar o processo de significação da linguística dos sujeitos surdos pelo uso da língua de sinais no espaço educacional, tendo como prerrogativa a constituição de sua identidade surda e da cultura que dela se constitui e desta forma oportunizar o conhecimento e a construção/constituição de aprendizagens e significados, bem como o desenvolvimento  estratégias de pensamento ,acontecendo um “empréstimo linguístico ” entre as línguas, para que a escrita na Língua Portuguesa (segunda língua) siga a estrutura da Língua de Sinais, respeitando portanto as particularidades  das duas línguas, bem como critérios que respeitem as  diferenças linguísticas e culturais .
Referências
LOPES, Maura Corcini. VEIGA-NETO, Alfredo. Marcadores Culturais Surdos. In: VIEIRA-MACHADO, Lucyenne Matos da Costa. LOPES, Maura Corcini (Orgs). Educação de Surdos: políticas, língua de sinais, comunidade surda e cultura surda. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2010. p.116-137.

PONTIN, Bianca Ribeiro. ROSA, Emiliana Faria .Surdos. In: Apostila de Libras, UFRGS, 2014.

ROSA, Fabiano Souto; KLEIN, Madalena. Análise de professores surdos sobre elementos técnicos de sinalização na literatura surda em livros digitais. In: PERLIN, Gladis; STUMPF, Marianne. Um olhar sobre nós surdos: leituras contemporâneas / Gladis Perlin, Marianne Stumpf (organizadoras).1ª ed. – Curitiba, PR: CRV, 2012. p. 187-198

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